Mas lá ao fundo, sozinho, longe do barco e da costa, Fernão Capelo Gaivota treinava. A trinta metros da superfície azul brilhante, baixou os seus pés com membranas, levantou o bico e tentou a todo o custo manter as suas asas numa dolorosa curva. A curva fazia com que voasse devagar, e então a sua velocidade diminuiu até que o vento não fosse mais que um ligeiro sopro, e o oceano como que tivesse parado, abaixo dele. Cerrou os olhos para se concentrar melhor, susteve a respiração e forçou ... só ... mais ... um ... centímetro ... de ... curva ... Mas as penas levantaram-se em turbilhão, atrapalhou-se e caiu.
Como se sabe, as gaivotas nunca se atrapalham, nunca caem. Atrapalhar-se no ar é para elas desgraça e desonra.
Mas Fernão Capelo Gaivota - sem se envergonhar, abrindo outra vez as asas naquela trémula e difícil curva, parando, parando ... e atrapalhando-se outra vez! - não era um pássaro vulgar.
A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples factos do voo - como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar ..."
Do livro "Fernão Capelo Gaivota" de Richard Bach
Este livro traz-me muitas recordações. Foi através dele que nos aproximamos, irmanamo-nos e casamos... e, curioso, a nossa filha gostou, também, do livro, do filme e das mensagens deste livro e dos livros de Richard Bach.
"Há sempre uma razão para viver. Podemos elevar-nos acima da nossa ignorância, podemos olhar o nosso reflexo como o de criaturas feitas de perfeição, inteligência e talento. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!"