Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
Florbela Espanca
Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa a 8 Dezembro de 1894 e pôs termo à vida, em Matosinhos, no dia 8 de Dezembro de 1930.
É considerada uma grande poetisa portuguesa. É tida como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.
Foi precursora do movimento feminista em Portugal, teve uma vida atribulada e inquieta, transformando os seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de sensualidade e ternura.
Em 1903 Florbela Espanca escreveu a primeira poesia de que temos conhecimento “A Vida e a Morte”. Casou-se no dia 8 de Dezembro de 1913 (data do seu aniversário) com Alberto Moutinho. Concluiu o curso de Letras em 1917, inscrevendo-se depois em Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa.
Teve um aborto involuntário em 1919, ano em que publicou o.”Livro de Mágoas”. Foi nessa época que Florbela começou a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se do marido, passando a encarar o preconceito social decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães.
O “Livro de Soror Saudade” foi publicado em 1923. Florbela teve novo aborto e o seu marido pediu o divórcio. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Lage. A morte do seu irmão (num acidente de avião) abalou-a gravemente e inspirou-a para escrever o livro “As Máscaras do Destino”.
Tentou o suicídio por duas vezes em Outubro e Novembro de 1930, nas vésperas da publicação da sua obra-prima “Charneca em Flor”. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicidou-se no dia do seu aniversário, a 8 de Dezembro de 1930. Morreu com, apenas, 36 anos.
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Da sua obra escolhi um poema de que gosto muito, talvez pela musicalidade das suas palavras (tão bem “apanhadas” por Luís Represas, que canta em fundo. - Ser poeta!
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