À hora aprazada lá nos juntámos ao grupo e, depois dos avisos dados pela guia sobre segurança e o facto de termos que nos manter todos juntos, lá fomos para as caves do castelo, por estreitas e escorregadias escadas escavadas na rocha.
A guia deu uma importante aula de história sobre a cidade antiga e o(s) castelo(s) - em inglês, claro!. e apesar de toda a boa vontade da Sónia, não conseguimos tradução em simultâneo porque a guia tinha uma pronúncia muito cerrada e parecia uma metralhadora a falar!!!
Infelizmente também não conseguimos tirar fotografias do interior (que raiva!!) não porque não pudéssemos mas sim por questões de segurança. Entre outras curiosidades, soubemos que o actual castelo não foi construído com intuitos defensivos mas sim, como local para encontros importantes e festas. Como tal apenas tinha dois quartos, usados por quem tinha bebido demais e não estivesse em condições de regressar a casa em segurança (a cavalo, claro!!!). Previdentes e muito avançados para a época, não acham?
Os túneis eram usados pela criadagem para irem ao povoado fazer as compras mais rapidamente e tinham de ter, com certeza, uma óptima preparação física para subir e descer aquelas escadas… será que tinham calçado especial, para uma melhor aderência ao chão!? Mas os túneis também foram usados para assassínios, tentando dar-lhes um ar de casualidade de maneira a ninguém ser culpado...
Uma hora depois deixámos os corredores e saímos para o ar livre, despedindo-nos da guia. As fotos que se seguem das saídas das caves foram feitas sem problemas, pois claro, já não havia perigo!
Estas são as muralhas do castelo, de construção anterior ao actual. Na verdade o primeiro castelo, que era Normando (Guilherme o Conquistador), foi construído em 1067. Em 1170 foi reconstruído por Henrique II, substituindo o original de madeira por pedra. Em 1194, o Rei Ricardo Coração de Leão recuperou o seu castelo das mãos do seu irmão tirano, o Príncipe João (as lendas de Robin dos Bosques são desta altura). Em 1330 Roger Mortimer é capturado pelo Rei Eduardo III que tomou o castelo entrando pelos túneis onde Mortimer, que tinha compactuado com a sua mãe para assassinar o Rei Eduardo II, acabou por sofrer uma morte terrível, daí que o túnel até hoje é conhecido como o "Buraco de Mortimer". Em 1622 o Rei Tiago I vendeu o castelo ao Conde de Rutland embora este o perdesse durante a guerra civil às mãos do Coronel Hutchinson ao qual o Rei Carlos I deu permissão para demolir o castelo. Em 1663, Guilherme Cavendish (duque de Newcastle), comprou a área onde o castelo está situado (um monte íngreme) e acabou por o cortar, pretendendo construir um castelo moderno, quase ao mesmo nível térreo do resto da cidade de Nottingham. A construção terminou em 1678. Em 1831 o castelo foi atacado pelos próprios cidadãos de Nottingham para fazerem valer o seu ponto de vista em relação à oposição das reformas parlamentares. O edifício, totalmente incendiado no interior e com as paredes exteriores pretas de fuligem foi abandonado durante 45 anos até que em 1875 o arquitecto Thomas Hine terminou os projectos que adaptaram o castelo a um edifício capaz de ser usado como museu e galeria de arte. Em 1878 o castelo foi inaugurado pelo Príncipe de Gales (Rei Eduardo VII) e converteu-se no primeiro museu municipal e galeria de arte situado numa outra cidade que não a capital, Londres.
Restou-nos fotografar as gravuras/estátuas de Robin dos Bosques, Frei Tuck e João Pequeno, eternizados em bronze, situadas no espaço exterior propriamente dito que antecede a entrada do castelo:
Próximo do hotel onde ficámos encontrei uma loja com os fardamentos de Robin e dos seus guerreiros, as respectivas armas, livros e adereços, enfim, recordações para os visitantes e turistas.
A criançada entrava na referida loja e, pouco depois, saía completamente equipada e com o respectivo arco e flechas e prontas a disparar contra tudo e contra todos!!!
As mães, embevecidas, não paravam de tirar fotografias ao lado deste “figurão” a tocar trompa (foto abaixo) enquanto os “putos” se divertiam a atirarem flechadas uns aos outros, para gáudio dos seus papás!!!
Nesta loja anunciavam e vendiam bilhetes para as visitas guiadas ao castelo e à floresta de Sherwood. Estes cartazes contavam a história de Robin Hood "(...) que se escondera um dia na floresta de Sherwood e deu muitas dores de cabeça ao rei João, irmão de Ricardo Coração de Leão, roubando aos ricos para dar aos pobres (...)".
Encontrei reminiscências da história deste herói no nome das ruas de Nottingham, nas estátuas, não só no castelo mas também em vitrais das tabernas próximas deste, em toda a cidade e no nome das principais artérias…
Fiquei impressionada com a arquitectura variada desta cidade que ilustro nestas fotos:
Mesmo assim, a arquitectura da cidade não conseguiu resistir à fúria do betão e das alturas...
Foram várias as nossas "incursões" desde a estalagem até ao centro da cidade, para tomar o pequeno-almoço (brr!!!, mas que coisa mais intragável!!!), almoçar, jantar, ver as construções, ir ao teatro, tirar fotografias, admirar o “tram” azul a passar no meio de carros e de pessoas como se fosse a coisa mais natural do mundo e tentar perceber a razão porque é que nós estávamos encapuçados até à cabeça e eles/elas caminhavam normalmente em camisa, grandes decotes, vestidos leves, mini muito minis, muitos empunhando garrafas de cerveja (não as vi atiradas para o chão!) e amparando-se mutuamente.
Ahhh!!! E vi pegarem num jornal depositado em escaparates no exterior, sem ninguém à beira e deixarem lá o dinheiro respectivo, seguindo, depois, tranquilamente o seu caminho.
Vou ficar por aqui… Espero terminar esta resenha para a semana.
Volto ao blogue, no próximo sábado, dia 31 de Março de 2007.